A
palavra Ubá, em tupi-guarani, significa canoa de uma só peça escavada
em tronco de árvore. É também o nome popular da gramínea “Gynerun
Sagittatum”, da folha estreita, longilínea e flexível, em forma de cano,
utilizada pelos índios na confecção de flechas de caça e combate, e
encontradas em toda a extensão das margens do ribeirão que corta a
cidade. O nome do Rio Ubá se deu justamente pela existência dessas
gramíneas. A colonização da bacia do Rio Pomba deu-se, inicialmente, a
partir da decadência das atividades de mineração. Em fins do século
XVIII e início do século XIX, várias famílias deixaram Mariana, Ouro
Preto, Guarapiranga e outros centros de extração à procura de terras
férteis e propícias à agricultura, onde pudessem desenvolver atividades
de renda mais estável e segura. As regiões banhadas pelo Rio Turvo,
Chopotó, Pomba e outros, eram assediadas devido à ocorrência de
florestas que prestaram à extração de madeira e que até então eram
habitadas pelos índios (chopós, croatos e puris) e aventureiros. Esses,
fundaram fazendas, que prosperaram e deram início à formação de núcleos
de população, hoje, cidades florescentes, entre as quais, a cidade de
Ubá.
Em novembro de 1767, o Padre Manoel de Jesus Maria foi encarregado
de catequizar os índios, preparando as bases para a entrada dos donos de
sesmarias, a partir de 1797, iniciando assim a organização de um grande
aldeamento central.No período de 1797 à 1798, foram doadas as primeiras
sesmarias, localizadas em terras desocupadas e situadas nas cabeceiras,
encostas e margens do Rio Ubá. Nesta época, Bernardo Antônio de Lorena,
do conselho de sua majestade, rei D. João VI, era governador da
capitania de Minas Gerais. Em 1805, o capitão Mor Antônio Januário
Carneiro, natural de Calambau e seu cunhado, comendador José Cesário de
Faria Alvim, adquiriram várias sesmarias até então pertencentes ao
Município de São João Batista do Presídio, hoje, Visconde do Rio Branco,
trazendo suas famílias, escravos e rebanhos. Fundaram, assim, a atual
cidade de Ubá. Neste período, segundo acordo firmado entre o Vaticano e
os reis católicos, quando fosse fundada uma povoação nos países
colonizados, em primeiro lugar deveria ser construída um igreja como
marco inicial. Enquanto os primeiros donos das terras situadas às margens
do Rio Ubá se preocupavam com suas fazendas, Antônio Januário Carneiro
idealizou fundar uma povoação. Seu primeiro passo foi liderar um
movimento para assinar a petição requerendo o alvará para a construção
da igreja, a qual deveria ser provida de parâmetros para que pudesse ser
consagrada ao seu orago (santo de invocação que dá nome à capela). Para
promover esta povoação, o capitão Mor trouxe todos os operários
necessários para a construção da igreja, dando-lhes pequenas glendas de
terras, moradia e alimentos, enquanto não pudesse ter abastecimento
próprio pelo cultivo da terra. Foi também por seu intermédio, que
dezenas de famílias vieram em princípio do século XIX, para o povoado
que estava se formando, como os Vieira de Andrade, Faria Alvim, Ferreira
Valente, Martins Pacheco e outros mais.
A capela foi construída sob a
devoção de São Januário. Com o crescimento do arraial foi elevada à
Paróquia de São Januário de Ubá em 07 de abril de 1841. O
desenvolvimento do povoado se deu gradativamente ao redor da Paróquia e
em direção à estrada que levaria à Guarapiranga, onde foram edificadas
as primeiras residências em sapé. Esse povoado recebeu o nome de São
Januário de Ubá. Devido ao desenvolvimento da paróquia e das atividades
dos habitantes, principalmente a cultura do café, em 1854 o povoado
recebeu o foro de Vila e, em 1857, foi elevada à categoria de cidade com
o nome de Ubá. Nesse período colonial, a terra tinha pouco valor, pois
tudo estava por fazer e o produto primário era o grande objetivo da
transformação, tornando a mão-de-obra do campo a principal fonte de
renda. O escravo tornou-se peça fundamental para o desenvolvimento
agrícola da região, chegando a valer nessa época, mais do que 30
alqueires de terra. Somente após 1810, houve incentivo ao tráfico de
escravos que, com sua capacidade de cultura à terra e seu adestramento
nos trabalhos da Casa Grande, contribuíram bastante para a economia
cafeeira de Ubá. A chegada dos imigrantes italianos proporcionou um
aumento nas diversas culturas, principalmente na fumageira. A imigração
ocorreu em duas épocas distintas e procedências diferentes:
- A primeira
fase correspondeu ao ingresso de imigrantes provenientes do sul da
Itália que traziam como vantagem sua variadas profissões: artesãos,
alfaiates, comerciantes, operários, ferreiros, caldeireiros e
marceneiros. Contudo, não eram agricultores, mas colaboravam, e muito,
para a melhoria da cidade de Ubá, que, na época, não contava com luz,
calçamento, saneamento básico, como todas as demais cidades da Zona da
Mata.
- A segunda fase correspondeu à chegada de imigrantes provenientes
do norte da Itália, que chegaram aqui somente após a abolição da
escravatura em 1888.
Ao contrário dos primeiros, esses eram camponeses
organizados e disciplinados que vieram substituir o trabalho escravo,
dando a Ubá um novo impulso econômico. Os imigrantes tiveram importantes
participações na evolução do município sob os aspectos político,
econômico e social, tendo sido um dos poucos municípios do estado, onde
os italianos permaneceram após a crise agrícola no país, com a queda do
preço do café. Nesta época, houve grande fuga dos colonos,
principalmente italianos, que saíam do Estado de Minas Gerais em direção
ao Estado de São Paulo. Aproveitando a baixa geral dos imóveis,
adquiriram grandes extensões de terra. Compravam fazendas e
subdividiam-nas em várias propriedades, fato que gerou grande atração
aos colonos vindos de outras regiões. Hoje, o Município de Ubá é um dos
maiores do país, devido justamente a esta grande subdivisão de terras.
Em 1988 Ubá contava com 4586 propriedades agrícolas, sendo a maior
parte, em mãos de italianos ou descendentes, segundo “Vila e Ação da
Colônia Italiana no Município de Ubá - MG, editado pela Academia Ubaense
de Letras. A partir dessa característica de parcelamento do solo,
desaparece o latifúndio e, com ele, a monocultura do café, dando lugar à
policultura do fumo, cereais, cebola, batata, pimentões, tomates, entre
outros. Houve, em consequência, um decréscimo no setor agrícola da
economia. Mais recentemente, o setor secundário, principalmente a
indústria moveleira, passou a ser a atividade econômica mais importante
de Ubá. Em 1811, o município foi subdividido em seis distritos:
Tocantins, Sapé, Marianas, Rodeiro, Divino e a sede em Ubá. Durante sua
evolução, aconteceram algumas modificações na divisão
político-administrativa do território, até finalmente chegar aos quatro
distritos atuais: Ubari, Diamante, Miragaia e Ubá, com um superfície de
408km².
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